domingo, 17 de junho de 2012

Kill Bill


Não é segredo pra ninguém que um dos meus diretores prediletos é Quentin Tarantino, um cara que revolucionou o cinema quando chegou com seus roteiros entrecortados, a narrativa ágil e as cenas marcantes, principalmente pela violência; isso sem falar nos diálogos que podem ser caracterizados apenas como únicos... Até então, poucos tinham feito o que ele conseguiu, fazer filmes com uma linguagem rápida, direta e cheia de simbolismos e referências à diversas formas de cultura.
Agora, dentre todos os filmes do diretor, porque falar justamente do duo Kill Bill? (Quentin tinha a intenção de fazer apenas um grande filme que, como antigamente, teria um intervalo no meio da sessão, mas por motivos comerciais foi obrigado a desistir da ideia.) No meu ponto de vista, Kill Bill marca um crescimento e amadurecimento reais do diretor, que tinha ficado 6 anos sem rodar nada, tudo por conta do fracasso dos longas anteriores (Four Rooms e Jackie Brown).
Kill Bill traz à tona um novo Quentin Tarantino, buscando uma transição, uma mudança de rumo... E podemos dizer que ele conseguiu isso pela personagem de Uma Thurman (A Noiva, Beatrix Kiddo, Mamba Negra). A personagem é uma marca de quase tudo o que Tarantino não tinha até então; era uma figura sólida, marcada pela linguagem econômica (sem desperdiçar uma fala), cosmopolita e ainda assim respeitando as tradições. Todas essas características são reforçadas no segundo longa, que diferente do primeiro, deixa um pouco de lado o frenesi sanguíneo do anterior e tenta interiozar a personagem central da trama.
Partindo desse ponto, acredito que "A Noiva" tenha mais de Uma Thurman que de Tarantino, que contribui muito com o ambiente para a formação da personagem, mas pouco com sua caracterização. Uma não é mais o fantoche de 1994 em Pulp Fiction, agora ela assume as rédeas e toma a frente da personagem mais humana que Tarantino já criou (vide cena final do segundo longa).
Outro ponto que tenho que destacar é a trilha sonora que, como sempre, é magnífica. A abertura com "Bang Bang (My Baby Shot Me Down)" na voz de Nancy Sinatra, é uma das minhas preferidas de todos os tempos (apesar de gostar um pouco mais da música na voz de Frank Sinatra). O segundo filme tem algumas músicas atropeladas, mas ainda assim continua num nível acima dos outros.
Enfim, pra finalizar, adoro quase todos os filme de Tarantino, mas tenho um carinho especial por esse duo que mostra que o antigo nerd, trabalhador de locadora de vídeos, tinha algo a dizer e firma assim sua carreira. Death Proof (2007) e Inglorious Basterds (2009) solidificaram isso, mas tudo começou com Kill Bill. Antes, Quentin Tarantino era um diretor de cinema, depois de Kill Bill ele virou um autor, quem não compreende a diferença não merece entrar numa sala escura.

2 comentários:

Genesis disse...

Kill Bill I e II são os melhores filmes que já assisti. E creio que Tarantino seja o melhor diretor de todos...só fico na dúvida por causa de Almodóvar, mas enfim... Quanto à trilha, curti demais, e a música que mais gosto é "Malagena salerosa" (Chingon). Uma Thurman parece que nasceu para ter esse papel, maravilhosa. Adorei o post! Abraços!

Alberto Lopes disse...

Valeu pelo comentário Genesis, sempre fico satisfeito em saber que as pessoas tem curtido o blog... Grande abraço e continue acompanhando, porque o Tarantino vira e mexe dá as caras por aqui...