segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Lixo Extraordinário e o Oscar

O documentário coproduzido por Brasil e Inglaterra virou alvo de uma pequena polêmica... A indicação à 83ª Edição do Oscar. 
Porque isso virou um problema? A resposta é simples, o Brasil foi retirado dos créditos na indicação. A listagem da academia de cinema consta o documentário como produção britânica, portanto, em caso de vitória, o Oscar de Lixo Extraordinário iria para a Inglaterra e não para o Brasil.
A direção da película é de Lucy Walker e conta com a produção de Angus Aynsley, contudo, o que ninguém se lembrou de dizer é que houve uma codireção e coprodução nacionais (João Jardim e Karen Harley, como diretores e a produtora O2, além de Fernando Meirelles na produção executiva); isso sem falar que parte da verba para a realização do projeto é dinheiro público brasileiro.
Também vale lembrar que não é a primeira vez que isso acontece. Em 1978, "Raoni", filme sobre um líder indígena caipó, ficou entre os cinco finalistas à premiação, o filme era uma coprodução França, Brasil e Bélgica e a parte brasileira (o diretor Luiz Carlos Saldanha) foi retirada dos créditos que só constavam os produtores Dutilleux, Barry Hugh Williams e Michael Gast.
Porém, no caso de Lixo Extraordinário a questão se complica pois há uma verdadeira chance de vitória na categoria de melhor documentário. Questionada sobre a confusão, a Academia de Cinema (responsável pela premiação) disse que vai rever a questão e se encontrar algum erro este será retificado. Pois é, assim esperamos que seja mesmo; é preciso dar valor e crédito aos que merecem... 

sábado, 29 de janeiro de 2011

O Turista


Bem, fui assistir ao filme "O Turista"; propagandas interessantes, Angelina Jolie e Johnny Depp, o que poderia dar errado? Enfim, não gosto de ler críticas antes de ver o filme e assim foi... passados os 103 minutos do longa ficou aquela sensação de tempo perdido, que poderia ser melhor aproveitado dormindo ou fazendo qualquer outra coisa... se tivesse lido as críticas como fiz depois de ver o filme, teria desistido e nem pegado pra ver.
O filme é a estreia em Hollywood do diretor alemão Florian Henckel von Donnersmarck, que aparentemente ficou encantado por poder filmar os protagonistas em vários closes, o que no fim das contas destaca todas as manias e canastrices dos astros (o que é normal com Angelina Jolie, enquanto Johnny Depp carrega muito da interpretação de Jack Sparrow).
Se o diretor não levasse a coisa tão a sério, este poderia ser uma ótima comédia, todos os clichês estão lá, tem os policiais italianos caricatos e a composição do personagem de Depp que insiste em falar espanhol na Itália...
Contudo, mesmo com todo o lado cômico da obra não devemos nos esquecer que a intenção não é essa; e analisando a proposta verdadeira do longa, é difícil dizer que o filme vale a pena; a história demora a engrenar e quando acontece tudo fica meio previsível, nenhuma reviravolta causa grande surpresa... 
Posso dizer que para uma sessão da tarde, regada a pipoca e refrigerante, vale a distração. Nesses dias de calor intenso é até legal ficar em casa e assistir um filme só pra empurrar a tarde, qualquer coisa a mais que se busque nesse longa é pura perda de tempo.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Spirit e Will Eisner



Este é um dos meus artistas prediletos, aprendi muito do que sei sobre desenhos acompanhando a arte de Will Eisner e principalmente as histórias do Spirit. Por isso, decidi fazer uma homenagem ao criador e à criatura...
Em Junho de 1940 Will Eisner criou The Spirit, uma série de quadrinhos que passou a ser publicada em um jornal dominical. Eisner trabalhou como editor, mas também escreveu e desenhou a maioria das histórias. The Spirit era um dos nomes de Denny Colt, um homem que foi considerado morto, mas que na verdade vivia secretamente como um anônimo lutador no mundo do crime. As histórias abordavam uma larga variedade de situações: crime, romance, mistérios, horror, comédia, drama, e humor negro.
As histórias de The Spirit tinham sete páginas cada. As 16 páginas da seção do jornal normalmente incluíam mais duas histórias com quatro páginas cada (inicialmente Mr. Mystic e Lady Luck). A história mostrava semelhanças com Batman e Dick Tracy, com vilões coloridos e era contada em sequência rápida. Sua origem e a máscara negra lembra o popular Lone Ranger.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Eisner se alistou no exército. Na ausência dele, o sindicato que comercializava seus quadrinhos passou a usar escritores e artistas fantasmas para continuar a história. Porém, muitos fãs acreditam que as melhores histórias são aquelas que Will Eisner escreveu e desenhou. Eisner desenvolveu um estilo cinematográfico; com o uso de sombras e ângulos diferentes de visão (inspiração tirada de Films Noir). Além disso, desenhava de forma que o leitor se identificasse com o personagem. O título "The Spirit" era normalmente integrado ao fundo ou à paisagem da primeira página de cada série e formava uma “splash page”, uma forma de apresentação do clima da história a seguir .
The Spirit parou de ser publicado em meados dos anos cinquenta, quando passaram a ser publicadas as histórias de “Trip to the Moon " por Eisner e Wally Wood (dois dos maiores nomes do gênero).
Levando em consideração as características atuais, The Spirit foi publicado por muitos anos; a Kitchen Sink Press publicou reimpressões extensas da série, primeiro em formato grande e preto e branco e como os tradicionais livros que eram vendidos no comércio. Antes mesmo do falência da editora, uma nova série de The Spirit passou a ser produzida por muitos talentos dos quadrinhos. Atualmente a DC Comics está relançando a série. A última aparição de The Spirit (produzida por Eisner) está em um número recente de The Escapist, publicação da Dark Horse Comics.
Infelizmente Eisner morreu no início de 2005, com ele o último artista restante do princípio da indústria dos quadrinhos. Esse homem que deu o primeiro emprego ao grande Jack Kirby, recusou o Superman de Siegel e Shuster, disse não a Stan Lee quando este o chamou para trabalhar na Marvel e além disso tudo ainda adorava o Brasil. É este grande artista o responsável pelo que os quadrinhos são hoje, ou seja, arte na melhor concepção possível. Will Eisner merece todas as homenagens possíveis, sejam quais forem.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Manipulação de Imagens

Há alguns anos que eu havia deixado o photoshop de lado e desistido de utilizar esta ferramenta de edição e manipulação de imagens, porém, o desejo artístico foi maior e resolvi dar ouvidos à minha vontade... Como resultado, muita horas quebrando a cabeça para me readaptar ao programa e algumas imagens interessantes... É só clicar nas imagens para ampliá-las





terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Oscar

Foi divulgada a lista dos concorrentes à 83ª edição do Oscar que será realizada no dia 27 de Fevereiro. Algumas supresas se apresentaram na listagem dos concorrentes, mas nada muito diferente do que era esperado. "O Discurso do Rei" saiu na frente e conta com 12 indicações, dentre elas, melhor filme, melhor diretor, melhor fotografia e melhor ator e pode acreditar que ele um dos favoritos. Entrando nas surpresas esta o longa "Bravura Indômita" que aparece com 10 indicações, superando "A Rede Social" com 8. "Cisne Negro", um dos meus favoritos, tem grande chances de levar o prêmio de melhor atriz com Natalie Portman.
Outra grande surpresa foi a indicações de Javier Bardem e Jeff Bridges à estatueta de melhor ator, contudo o favorito é o ator britânico Colin Firth, que atuou em "O Discurso do Rei". Já na lista de filmes estrangeiros se destaca o longa mexicano "Biutiful", que é o favorito nesta categoria, onde, mais uma vez, o Brasil ficou de fora.
O Brasil aparece na categoria de melhor documentário com "Lixo Extraordinário", que "homenageia" o artista  brasileiro Vik Muniz e conta sua relação com os catadores de lixo de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. O documentário é uma co-produção Brasil/Inglaterra, contudo, cá entre nós, é mais Inglaterra que Brasil visto que a direção é inglesa e o Vik Muniz e sua mulher falam, todo o tempo, em inglês...
Lembrando de um fato interessante, "Toy Story 3" entra na disputa pela melhor animação e melhor filme; só recordando, este foi o filme mais visto no ano de 2010 e se levar algum prêmio vai ser merecido.
Agora vamos aos indicados às principais categorias:

Melhor Filme: Cisne Negro, O Vencedor, A Origem, Minhas Mães e Meus Pais, O Discurso do Rei, 127 Horas, A Rede Social, Toy Story 3, Bravura Indômita e Inverno da Alma.

Melhor Diretor: Dareen Aronofsky "Cisne Negro"; David Fincher "A Rede Social"; Tom Hooper "O Discurso do Rei"; David Russel "O Vencedor" e Joel e Ethan Cohen "Bravura Indômita".

Melhor Ator: Colin Firth "O Discurso do Rei"; Javier Bardem "Biutiful"; Jeff Bridges "Bravura Indômita"; Jesse Eisenberg "A Rede Social" e James Franco "127 Horas".

Melhor Atriz: Natalie Portman "Cisne Negro"; Annette Bening "Minhas Mães e Meus Pais"; Nicole Kidman "Reencontrando a Felicidade"; Michele Williams "Namorados Para Sempre" e Jennifer Lawrence "Inverno da Alma". 


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A Troca



Imagino o quanto Clint Eastwood deve ter gostado de fazer este filme. Esta foi a primeira ideia que me surgiu quando acabei de ver A Troca, filme de 2008 e que surpreendentemente eu desconhecia. A história, baseada em fatos verídicos, se passa no fim da década de 1920 e adentra a década de 30, época em que nasceu Eastwood. Por isso, acredito que deve ter sido especial, de alguma forma, para o diretor de 80 anos. Mais uma vez a trama carrega em seu âmbito a questão da culpa, tema frequente nos longas do diretor.
O filme se baseia num caso real ocorrido em 1928. Certo dia Christine Collins (Angelina Jolie) saiu para trabalhar e deixou o filho Walter em casa, ao retornar o garoto havia desaparecido. Nesse ponto a trama começa a se desenvolver. Meses depois do desaparecimento a polícia diz ter encontrado Walter e prepara o reencontro entre mãe e filho, porém algo deu errado e o garoto encontrado pela polícia não é o filho de Christine que desde o primeiro momento reluta em aceitar a criança. Daí o título "A Troca".
A ligação imediata é com "Sobre Meninos e Lobos", filme que também se utiliza do rapto de crianças para tratar da transmissão de culpa. Contudo, em A Troca também podemos notar um forte apelo contra a corrupção, algo que associou o longa às críticas ao governo Bush nos Estados Unidos, associação que foi prontamente negada e ignorada por Clint Eastwood.
A película tem construção classicista à moda Eastwood, o que quer dizer que é um filme com poucas tomadas, som quebrado que dinamiza a exposição e iluminação que lembra em muito os filmes noir da década de 1940 e que por sua vez tem um pé no expressionismo alemão dos anos 20, o que reforça ainda mais o ambiente nostálgico do longa. Destaque para o modo como Eastwood ilumina Angelina Jolie em algumas cenas onde a personagem usa um chapéu que esconde seus olhos em sombras; o que destaca ainda mais os lábios carnudos e avermelhados da atriz.
Por sinal, a atuação de Angelina está acima da média habitual. Todos os trejeitos da atriz estão lá, os cacoetes são inegáveis, contudo, faz parte da personagem, são tiques propositais. Christine é uma mulher dos anos 20, sempre educada e de modos leves, gestos contidos mesmo nos momentos de maior pressão. Seu batom vermelho contrastando com os ternos escuros dos homens chega a ser agressivo em alguns momentos; são imagens interessantes de se ver.
Como sempre, fica claro que Clint Eastwood deseja reafirmar valores que não se fazem mais presentes em nosso tempo, para tanto o roteiro de J. Michael Straczynski (roteirista de quadrinhos e criador da série televisiva Babylon 5) é irretocável; todo o terço final do longa é dedicado à expurgar a corrupção que se mostrava a quem desejasse ver, tudo uma questão de princípios.
Um excelente filme que retoma as origens de um dos maiores atores e diretores que o mundo já viu. É impossível não torcer pela protagonista e deixar de se emocionar com a história dessa mulher. Mais uma vez Eastwood surpreende com um ótimo longa.

Direção: Clint Eastwood  Roteiro: J. Michael Straczynski 
Elenco: Angelina Jolie, John Malkovich, Jeffrey Donovan, Michael Kelly, Jason Butler Harner  

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Globo de Ouro

Ontem foi o dia da premiação do Globo de Ouro, prévia para o Oscar em fevereiro. Como não podia deixar de ser não houveram novidades na premiação. O filme "A Rede Social" levou 4 prêmios: Melhor Filme de Drama, Melhor Diretor (David Fincher), Melhor Roteiro (Aaron Sorkin) e Melhor Trilha Sonora (Trent Reznor). O longa era um dos favoritos e apenas confirmou as expectativas dos críticos.
"O Discurso do Rei" (pra mim, muito melhor que o filme de David Fincher), que prometia briga acirrada com A Rede Social, ficou com apenas uma categoria, Melhor Ator de Drama para Colin Firth, "O Vencedor" ficou com os prêmios de Melhor Ator e Atriz Coadjuvantes (Christian Bale e Melissa Leo) e fechando o pacote Natalie Portman foi escolhida como Melhor Atriz de Drama pelo filme "Cisne Negro".
O Oscar não deve variar muito do que vimos no Globo de Ouro. Sinceramente, não achei A Rede Social um filme tão bom para desbancar O Discurso do Rei, acredito que a fama do Facebook tenha interferido um pouco no resultado; devemos lembrar que o próprio Mark Zuckerberg (fundador do Facebook) não ficou muito satisfeito com a película, que, no fundo, é uma baita propaganda para o site de relacionamentos.
Há um clima de urgência no filme, como se Zuckerberg estivesse destinado a criar o Facebook por alguma razão desconhecida e superior à nossa compreensão. David Fincher tem seus méritos, principalmente ao criar uma imagem de dissonância; o rapaz que criar um site de relacionamentos e não consegue se relacionar com ninguém, talvez essa seja a temática principal do longa, contudo, o perfil do protagonista fica um pouco limitado e simplista. Outro grande mérito do filme é a trilha sonora, essa sim digna de premiação.
Enfim, o resultado está dado, agora é bola pra frente e esperar o Oscar. 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Valentina



Ícone do erotismo, Valentina Rosseli, sex-simbol e modelo cosmopolita de classe, inteligência e luxúria, é publicada em justa homenagem ao criador italiano Guido Crepax, um dos meus artistas prediletos.
Ela foi símbolo sexual nos idos de 60, ajudou a moldar a revolução feminista e sexual anos mais tarde, durante período de efervescência cultural, e serviu como uma das bases do que viria a se transformar na pop art no final da década de 70.  
Guido Crepax nasceu em Milão, na Itália, estudou arquitetura e iniciou a carreira fazendo ilustrações médicas e publicitárias. Começou a vida de cartunista e quadrinista na famosa revista Linus, publicação de vanguarda, que veiculava histórias policiais, ficção científica e HQs eróticas, especialmente depois da entrada do artista para o rol de autores.
Crepax começou a fazer sucesso porque misturou inúmeros elementos de design nos quadrinhos em sequências que buscavam a fotografia e o cinema underground da época. Imagens simbólicas minimalistas, discretas sugestões de erotismo, ilusão de ótica, entre outros, são características-base para sua narrativa, que influenciou nos anos seguintes um sem-número de obras em outras linguagens. Não seria absurdo dizer que o material de Andy Warhol teria muito menos importância à arte não fosse a inspiração do que saiu de Valentina.
O sucesso, claro, não veio apenas com o talento do criador como também com o charme incontestável de Valentina. A bela fotógrafa cosmopolita, inspirada na atriz Louise Brooks, virou musa em todo o mundo, como ícone de inteligência e luxúria, mulher sedutora que usa de seu estilo, classe e beleza para conquistar homens e também mulheres. Não à toa, foi modelo de comportamento e até da alta costura italiana.
Interessante é notar a evolução do traço de Crepax e o experimentalismo que o levou a criar um estilo próprio anos mais tarde. O autor italiano também ficou conhecido pela criação de Anita, Bianca e Belinda e, infelizmente, morreu em 2003, deixando um conjunto extenso de obra que pode ser considerado um dos mais relevantes das histórias em quadrinhos.


domingo, 16 de janeiro de 2011

Traduções

Consegui adicionar uma ferramenta de tradução ao blog, como estava com algumas visitas internacionais decidi que seria interessante ter este algo mais disponível. Para acessá-las basta clicar nas bandeirinhas na lateral da página. As traduções não são perfeitas, mas auxiliam o leitor estrangeiro a ter uma ideia do que se refere o post. Espero poder ampliar estas visitas, visto que a internet é uma rede mundial e a gente não sabe de onde são nossos leitores.

Vídeo Tião Paineira

Este é um vídeo que eu fiz em 2008 em conjunto com as ongs Contato (BH) e Fábrica do Futuro (Cataguases) por paticipação no projeto Cine Aberto Cidades Digitais. O vídeo mostra o artesanato em cerâmica do artista Tião Paineira de Tiradentes. Espero que gostem e até a próxima. 


sábado, 15 de janeiro de 2011

Liga Extraordinária



O século XIX produziu os maiores herois e anti-herois da literatura dos quais já se ouviu falar. Entre outros tantos nomes, foram criados por mentes fantásticas personagens como Capitão Nemo (por Júlio Verne, nas 20 mil Mil Léguas Submarinas), Hawley Griffin (O Homem Invisível de H. G. Wells), Dr. Henry Jekyll (O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson) e Allan Quatermain (As Minas do Rei Salomão, de H. Rider Haggard). Em pleno século 21, estes - e outros - cavalheiros extraordinários estão de volta, juntos e a serviço do governo britânico, na HQ As Aventuras da Liga Extraordinária.
Criadas por Alan Moore e desenhadas por Kevin O'Neill, as aventuras da Liga estão entre as novidades mais comemoradas dos quadrinhos, onde arrebataram em 2000 os mais importantes prêmios internacionais de quadrinhos (Harvey, Eisner e Eagle, por exemplo) na categoria melhor roteiro. Principalmente graças à exaustiva pesquisa realizada por Alan Moore, que usa nas HQs dezenas de referências e personagens das grandes obras da literatura do século 19. Além dos já citados capitão Nemo, Dr. Jekyll (e Mr. Hyde), Quatermain (mais conhecido por aqui por causa daquele filme horrível com Sharon Stone) e Griffin, aparecem nas histórias figuras como Sherlock Holmes (o notório detetive de Sir Arthur Conan Doyle), o policial Auguste Dupin (de Os Assassinatos da Rua Morgue, de Edgar Alan Poe) e até mesmo a eterna otimista Pollyana, criada por Eleanor H. Porter e imortalizada por Walt Disney.
Já de saída a reunião do estranho grupo formado pelos primeiros quatro cavalheiros (aliás, ninguém sabe direito por quê a editora brasileira cortou do título em português da HQ justamente sua parte mais evocativa) e seus motivos despertam a curiosidade e o apetite literário do leitor. A história começa quando o agente secreto Campion Bond convoca a Srta. Mina Murray para reunir quatro cavalheiros, digamos, pitorescos. Só que o bom conhecedor de literatura (e de cinema, diga-se de passagem) deve se lembrar que a própria Mina Murray não é lá uma mulher convencional. A aterrorizante experiência resultou no seu divórcio e a transformou numa pária dentro da conservadora sociedade britânica.
Os quatro que ela procura também são muito queridos pela sociedade. Allan Quatermain é um herói que se rendeu ao ópio, Griffin é um perturbado, Jekyll é instável e nada confiável (ou seria Hyde?) e Nemo, um corajoso revolucionário indiano e comandante do submarino Nautilus, está na lista negra dos governos da Inglaterra e da França pelos problemas que causou àqueles países.
No entanto, Mina consegue unir os quatro para juntos trabalharem a serviço do governo inglês - a propósito, Moore, que sempre foi conhecido por suas críticas à Coroa, estampa logo na abertura da série a reveladora frase: "O império britânico sempre teve dificuldade para diferenciar seus herois e seus monstros."
No Brasil a HQ foi lançada pela Livraria Devir em dois volumes caprichados e que mecerem estar na estante de qualquer um; não é muito difícil achar em sebos, lojas especializadas e mesmo na internet. Então, mãos à obra e boa leitura...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Mostra de Cinema de Tiradentes








Está chegando a 14ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que se realizará entre os dias 21 e 29 de Janeiro. O evento, um dos principais do sator, do serve como abertura para o calendário nacional de festivais e nesta edição conta número recorde de filmes, sendo 30 longas, 104 curtas além de vários debates e mesas redondas. As sessões são em espaços especiais, criados diretamente para o evento e algumas delas são realizadas ao ar livre, aproveitando a paisagem da cidade histórica mineira.
O evento conta com a participação de filmes selecionados para os festivais de Cannes, Berlin e Rotterdam, além de apresentar as novidades do cinema brasileiro e ter a participação de profissionais do Brasil e do exterior. Toda a programação do festival é gratuita e estima-se presença de cerca de 30 mil pessoas nos dias do evento.
Maiores informações e programação podem ser encontradas no site oficial: www.mostratiradentes.com.br 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Jamie Cullum



Como nos últimos posts tenho falado muito de cinema, decidi variar um pouco e falar de música desta vez... Como fã de Jazz escolhi o jovem Jamie Cullum para ser o tema deste post. Este jovem músico britânico é um dos responsáveis pelo resurgimento do Jazz no velho continente e podemos dizer que ele entrou pela porta da frente, vestindo jeans e calçando All Star.
Falando sério, seus albuns "Twentysomething" e "Catching Tales" são refinados e bem elaborados, contam com uma mistura interessante de ritmos e surpreendem pelo vocal com personalidade que espanta quem vê suas fotos nas capas de CDs. Um grande mérito deste jovem músico é conseguir reunir elementos do Jazz dos anos 50 de King Cole e Frank Sinatra, com partes de rock, blues e até mesmo hip hop. Exímio pianista, é famoso pelos improvisos e pela habilidade musical ao utilizar seu piano como instrumento de percussão.
Hoje um dos artistas mais reconhecidos na Inglaterra, Jamie Cullum foi apelidado pela imprensa de "Sinatra de tênis" e é reconhecido pelo uso coerente e distinto do crossover, por seu ecletismo e pelas apresentações emocionantes. Ainda pouco conhecido pelos brasileiros, o jovem Cullum pode ser considerado hoje como um dos maiores expoentes do jazz mundial, responsável pela renovação do gênero e capaz de alçar o jazz ao estrelato novamente. Destaque para a composição "Gran Torino", cantada juntamente com Clint Eastwood para a trilha do filme homônimo em 2009. Para os amantes de boa música fica a dica... 

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Menina de Ouro


Adoro os filmes do Clint Eastwood... Assim decidi falar um pouco sobre o meu predileto, ou seja, Menina de Ouro (Million Dollar Baby no original). O filme retrata a história de Maggie Fitzgerald e Frankie Dunn. A moça do interior que tenta ganhar a vida e ralizar o sonho de ser boxeadora e o treinador carrancudo e amargurado que não quer saber de treinar uma garota. Inicialmente o filme se parece com todas as demais obras hollywoodianas, seria o clichê da menina que luta bastante e vence no final. Porém Clint Eastwood é maior que isso; ele dá uma reviravolta imensa e pega todo mundo de surpresa.
Um ponto interessante é notar a evolução dos personagens de Eastwood, desde o "justiceiro" Dirty Harry até o amargurado Frankie Dunn, que é o melhor exemplo dos tipos interpretados por Clint atualmente. Desde "Os Imperdoáveis", passando por "Sobre meninos e lobos" e até mesmo em "Gran Torino" (filme de 2009) o que se destaca é o remorso, é isto que une a cinematografia recente de Eastwood; e Frankie Dunn é de longe o mais recentido e complexo desses personagens. Sem falar do personagem de Morgan Freeman, o Sr. Scrap, que é magistralmente interpretado.
Clint Eastwood mostra o quanto evoluiu como diretor, cada quadro, cada plano é meticulosamente medido, o tom dramático e o uso de sombras realça as sensações a serem alcançadas; tudo sem parecer acadêmico ou artificial. A coragem do diretor em atacar situações difíceis e polêmicas, seja visual ou metaforicamente, é algo que não se está acostumado a vislumbrar no cinema  norte-americano.
Creio que a maioria das pessoas já conheça a história do filme, por isso não me prendi muito a ela, para aqueles que ainda não conhecem, procurem pois é um excelente longa metragem. O grande mérito do filme não é a questão polêmica da eutanásia, ou as questões ético-morais que assombram Frankie Dunn; o grande mérito deste filme está na sensibilidade, na relação com a vida e a obstinação de uma menina em busca de seu sonho e na sensação de tristeza e amargura que cercam o velho treinador de boxe (boxe que, na realidade, só serve como apoio à história central do filme). Só posso dizer que mereceu cada Oscar que ganhou. 

Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Paul Haggis, F.X. Toole
Elenco: Clint Eastwood, Hilary Swank, Morgan Freeman, Jay Baruchel, Anthony Mackie, Mike Colter

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Cisne Negro


Depois de muito tempo me surpreendi com um filme. É isso que posso dizer da última produção de Darren Aronofsky, diretor dos ótimos The Wrestler, Fonte da Vida e Réquiem Para Um Sonho. É simplesmente surpreendente. Acabei de assitir ao filme e o impacto é indescritível. O longa se caracteriza por ser um suspense psicológico ambientado numa companhia de ballet e tem sua protagonista lutando com a dualidade existente entre os dois pápeis principais da obra "Lago dos Cisnes".
Uma grande companhia de Nova York está preparando uma nova produção do clássico "Lago dos Cisnes", contudo, sua bailarina principal está se aposentando (forçosamente, diga-se de passagem) e abre vaga para uma nova primeira bailarina. É neste ponto que conhecemos um pouco mais a protagonista do longa, Nina Sayers (Natalie Portman), que vê esta como sua grande oportunidade. Nina é uma bailarina que vive em função de sua dança e busca a todo momento atingir a perfeição técnica, o que a caracteriza como uma dançarina fria e precisa, porém muito contida. O diretor da companhia avisa que somente escolherá uma dançarina para os dois papeis, o que implica que Nina, se quiser algo, deverá expor-se mais.
Natalie Portman esta presente em todos os segundos do longa e sabe aproveitá-los como poucas atrizes. Apesar da grande exposição ela domina as cenas e faz com que o espectador acompanhe atentamente a história complexa e intrigante que se desfigura à sua frente. Outro grande mérito da atriz é conseguir sustentar a dualidade que a personagem exige. Ela consegue mostrar toda a doçura e o lirismo do cisne branco e em contrapartida demonstra toda a dificuldade para executar o papel do cisne negro, que exige muito mais garra que técnica por parte de Nina.
Além de todas as dificuldades encontradas por Nina, ainda surge Lily, outra dançarina que está de olho no papel principal. Lily é o oposto de Nina, livre, destemida e sem pudores. mas é exatamente no aprofundamento da relação entre ambas que Nina consegue se ligar a uma parte de sua personalidade que havia suprimido há muito... ela fica cada vez mais ligada a este novo aspecto psicológico e vê-se ainda mais presa na dualidade entre cisnes branco e negro.
Natalie Portman mostra-se uma bailarina das melhores, mas é principalmente no papel dramático que ela se destaca. Ela consegue sustentar desde a mulher infantilizada e tímida que aparece no início da película até o ápice do descontrole emocional de Nina, onde a protagonista não consegue diferenciar a realidade de suas ilusões.
Aronofsky da mostras de genialidade ao implantar uma dualidade que transcende o caráter bom/ruim; temos a imaginação contra a realidade, a perfeição e a irregularidade e a menina contra mulher. Além disso, o diretor ainda consegue criar um ambiente de companhia de dança que retrata a verdadeira realidade por trás da profissão de dançarina; a competição, o ciúme, os egos, as incertezas; está tudo presente. Plasticamente um dos melhores filme dos últimos anos, principalmente no clímax que faz se presente na apresentação do Lago dos Cisnes, além das reviravoltas e da narratica entrecortada e ágil que se vislumbra no longa.
Instigante e imperdível, não da pra dizer mais nada... simplesmente um dos principais concorrentes ao Oscar. 

Direção: Darren Aronofsky   Roteiro: Mark Heyman, Andres Heinz e John McLaughlin
Elenco: Natalie Portman, Mila Kunis,Barbara Hershey, Vincent Cassel e Winona Ryder

Seabiscuit


Um dos melhores filmes da década, na minha opinião... Discutindo com um amigo há alguns dias, decidimos elencar os melhores filmes da década que se acabava. Títulos a parte, lembramo-nos deste pequeno épico americano que retrata a experiência vivida por três homens e um cavalo, e que de certa forma modou a história dos Estados Unidos da América. Seabiscuit: Alma de Heroi (complemento um pouco desnecessário) é a adaptação do livro de Laura Hillenbrand (que também vale ser conferido), que por sua vez retrata os fatos ocorridos na década de 1930, logo após o grande crash da bolsa.
Na década de 30, a grande depressão levou milhares de pessoas ao desemprego e à falência, multiplicando as tensões sociais. Esta é a história de Charles Howard, que além de perder grande parte de seus negócios com automóveis ainda sofre com a perda do filho e a separação da esposa. Já John "Red" Pollard é abandonado pela família na adolescência e se vê obrigado a trabalhar em estrabarias e lutar boxe para poder sobreviver, enquanto Tom Smith é um treinador de cavalos excêntrico e calado que não consegue manter um emprego por muito tempo, apesar de sua grande empatia com os animais.
Estes três personagens se unem de forma inesperada para construírem algo inédito na história das corridas de cavalo. É aí que entra Seabiscuit, um cavalinho considerado muito pequeno para o esporte, que sofreu abusos desde o nascimento e demonstra a grande instabilidade decorrente deste fato. Porém, com um pouco de persistência e trabalho duro, este potro mostra-se um verdadeiro campeão.
Gary Ross, diretor e roteirista do longa, consegue ambientar perfeitamente o filme e tem grande mérito nas imagens dos turfes (corridas de cavalos), a grandiosidade dos circuitos, a recriação das corridas (que contam com jóqueis reais) e a reconstituição de época são perfeitas. A reprodução das provas é uma aula de como registrar velocidade em película, muito superior ao que é feito em filmes como Velozes e Furiosos.
Além de todos esses aspectos, a história emocionante e a trilha sonora impecável, o longa ainda conta com atuação magistral de Tobey Maguire (que ficou famoso pela trilogia do Homem Aranha e teve de aprender a montar para participar do longa) e elenco sensacional. Seabiscuit é um grande exemplo de que um filme não precisa de sangue e explosões para ter emoção e aventura, garanto que todo cinéfilo adora este filme e quem ainda não assistiu, corra atrás, pois com toda certeza, vale a pena.

Direção: Gary Ross
Roteiro: Gary Ross, Laura Hillenbrand (livro)

Elenco: Jeff Bridges, Tobey Maguire, Chris Cooper, Elizabeth Banks, Gary Stevens, William H. Macy, Eddie Jones, Michael Angarano e Ken Magee.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Estação das Brumas


Sou fã de fotografias e video, assim, por que não juntar as duas coisas? Desta forma, esse é o resultado. São algumas fotos que já apareceram por aqui e outras inéditas no blog e que compõem um conjunto interessante que ressalta o caráter histórico da cidade mineira de Tiradentes e ainda criam uma ilusão de mistério. Assim sendo, espero que todos apreciem.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Uma Morte na Família



Bem, como fã de quadrinhos que sou, decidi comentar aqui uma das melhores histórias que já li nos meus anos de quadrinhos. Nada mais nada menos que a morte de Jason Todd, o Robin da década de 1980.

O ano era 1988, o Batman estava às vésperas de completar 50 anos e a DC Comics decidiu dar um presente aos fãs do homem morcego, eles poderiam decidir a conclusão de uma história, ou seja, pela primeira vez o público poderia escolher o final que quisesse. Denny O'Neil, editor dos títulos do Batman na época, organizou uma votação por telefone onde, no fim das contas, as pessoas decidiriam se Batman manteria seu status quo inalterado (Robin vive e as coisas ficam na mesma) ou se o cruzado encapuzado voltaria às suas origens de combatente do crime solitário. 

A votação foi feita, o resultado apurado e a decisão acatada. Em números apertados (5.343 a favor da morte e 5.271 contra), ficou-se decidido pela morte de Jason Todd e assim foi. O Robin era instável e muita vezes impulsivo em suas ações, o que colocava em risco as missões da dupla dinâmica e até mesmo a vida dos herois. Nesta história não deu outra. Após rápida batalha o Coringa assassina Jason Todd (que foi considerada uma das morte mais impactantes dos quadrinhos, perdendo apenas para a morte do Superman; que é outra história).

No arco A Death in the Family ("Uma morte em família") Jason descobre que sua mãe não era sua verdadeira mãe, com isso ele procura por sua mãe biológica. Após ir atrás de várias pistas, Jason encontra sua mãe, Sheila Haywood. Mas esse encontro não foi primoroso já que Jason descobre que ela está trabalhando para o Coringa. Poucos minutos depois Coringa chega e, com um pedaço de metal, surra brutalmente Jason e deixa uma bomba no local para matar ele e sua mãe. Os dois tentam sair de lá desesperadamente mas não conseguem e a bomba acaba explodindo. Batman chega tarde demais, Jason morre em seus braços e Sheila morre dizendo a Batman que seu filho morreu tentando protegê-la. Após o funeral, Bruce guarda o uniforme de Jason na Batcaverna.

O arco foi escrito por Jim Starlin e desenhado por Jim Aparo e é um dos principais momentos do Cavaleiro das Trevas, pois retoma a origem solitária do personagem, além de contar com a participação pública.

Mais uma vez, este é um dos momentos mais marcantes das histórias em quadrinhos e vale a pena ser lido. Não é muito fácil de se encontrar esta história, mas em 2009 a Panini lançou um encadernado contendo esta e algumas outras histórias relacionadas e talvez essa edição seja encontrada em sebos e mesmo na internet.

Abraços a todos e boa leitura.

sábado, 1 de janeiro de 2011

2011

Pois é, 2010 acabou e o ano de 2011 se apresenta resplandecente às novas realizações. É hora de refazer os planos, ou desenvolver os anteriores, rever as metas e planejar o futuro... Devemos esquecer o que passou e olhar adiante com as esperanças renovadas num futuro melhor, agradecer os objetivos alcançados e preparar para chegar aos objetivos que não alcançamos ainda.

Desejo a todos um excelente 2011 de realizações e feitos positivos. Que todos possamos ter um ano melhor que 2010 e principalmente que os problemas e tristezas do mundo diminuam, ainda que seja pouco, mas que as pessoas possam viver melhor em qualquer lugar que estejam.

Um grande abraço e, mais uma vez, feliz 2011.