segunda-feira, 25 de abril de 2011

Y: O Último Homem


Imaginem um mundo sem homens (ou melhor, sem machos), ou seja todos os seres com cromossomo y foram erradicados do planeta. Na verdade ainda sobraram dois, Yorick Brown, artista de fugas recém formado em letras e seu macaco Ampersand. No ano de 2002 um acontecimento desconhecido fez com que todos os portadores do cromossomo y fossem extintos, com excessão dos já citados sobreviventes. Aí você deve pensar, que sorte desse cara; um homem para um mundo de mulheres, mas as coisas não são tão fáceis.
No momento do "generocídio", 100% dos sacerdotes católicos, muçulmanos e judeus foram exterminados, 95% dos pilotos de aviões e comandantes de navios e submarinos, 85% dos mecânicos, eletricistas e bombeiros foram dizimados, isso sem falar nos chefes de Estado... Nessa época apenas 14 países possuíam forças armadas femininas, sendo que a minoria delas já havia participado de algum combate e, possívelmente, só Israel tenha forças militares femininas prontas pra enfrentar uma guerra. O que será de um mundo assim? E mais importante, por quanto tempo as mulheres conseguiriam se manter vivas sem os homens (principalmente porque não haveria mais procriação).
Basicamente essa é a premissa desse quadrinho de Brian K. Vaughan (Ex Machina e Fugitivos) e Pia Guerra (estreante nos quarinhos). Nós acompanhamos, em 60 edições a batalha por sobrevivência de Yorick e a tentativa dele de encontrar sua namorada que estava na Austrália no momento do distúrbio.
Vaughan se mostra um mestre na arte dos cliffhangers (cenas de suspense no fim de cada história), o que torna impossível não querer acompanhar as histórias até o fim e descobrir o que ocorreu. Junto a isso está a arte da estreante Pia Guerra, que não é a melhor desenhista, mas, sabe retratar muito bem as expressões dos personagens e transmitir a emoção que estes estão sentindo.
Geralmente, uma sociedade só de mulheres seria vista como quase utópica, a violência e as guerra terminariam e reinaria a paz, ou em contra partida, haveria uma sociedade facista dominada por lébicas que odiavam homens. Brian Vaughan mostra que nada é tão simples assim e satiriza esses esteriótipos socias.
Seguindo a tradição dos quadrinhos da Vertigo, Y: O Último Homem utiliza-se de um conjunto de literatura, dramaturgia, filosofia, política, cultura popular e outras formas de cultura... São citações às vezes sutis, muitas vezes são bem claras e definidas (uma coisa legal é ficar descobrindo as fontes de cada citação, pois sempre se encontra algo interessante).
Enfim, este é um trabalho interessante para ser apresentado às pessoas que não tem relação com os quadrinhos, os roteiros de Vaughan são dinâmicos e prendem o leitor, a arte de Pia Guerra é fluida e de fácil compreenção, o que atrai os que conhecem pouco do ramo e não estão adaptados aos gênios do designe como Dave McKean. Recomendado para toda pessoa que goste de boas histórias e não tenha preconceitos com histórias em quadrinhos.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A Garota Ideal

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Este é o nome do longa metragem de estreia de Craig Gillespie (originalmente Lars and the real girl), lançado em 2007. Resumidamente, um rapaz muito recluso decide apresentar sua namorada à família (seu irmão e a mulher dele). Porém, há um problema nessa história, a tal namorada é uma boneca de plástico comprada por internet... Até aqui tudo indica que o filme seja uma comédia escrachada, mas não se deixe enganar, há sempre alguma coisa ainda a descobrir.
Como dito acima, Lars é um cara solitário que tem problemas de socialização, não tem relações com ninguém, evita a família e até mesmo os companheiros de trabalho; até que um dia ele aparece na porta da casa do irmão (casa que também é dele, mas ele prefere morar na garagem) e diz que tem de apresentar uma pessoa; sua namorada...
Para a surpresa, e preocupação, de todos, a namorada é uma boneca em tamanho natural, comprada pela internet e entregue pelo correio. Bianca, como Lars chama a boneca, é uma ex-missionária brasileira e que não acredita em sexo antes do casamento, assim, ele pergunta ao irmão, Gus, se Bianca poderia ficar hospedada na casa. Assustados com a situação, Gus e Karin (mulher de Gus) decidem levar Lars à médica para saber se há algo errado com o rapaz.
É aí que a história dá uma volta e deixa de ser uma reles comédia romântica. A médica diz que Lars está sofrendo com um delírio, e o melhor é que a família entre na roda e participe. Assim sendo, Gus e Karin avisam a todos sobre a situação de Lars e pedem para que a cidade colabore até que Lars perceba o quanto aquilo é surreal e volte à realidade.
A pequena cidade do interior abraça a situação e vive à espera do momento em que Lars vai se desvencilhar da ilusão de Bianca. Porém, nesse meio tempo, todos acabam se afeiçoando à boneca e passam a vê-la como alguém de verdade. Ela passa a frenquentar lugares e até mesmo a trabalhar. E é justamente isso que, aos poucos, faz com que o protagonista se sinta cada vez menos à vontade com a boneca e se aproxime mais de Margo, uma das colegas do trabalho (que por sinal já gostava de Lars). Não vou contar o final... cada um que corra atrás pra ver, pois vale a pena.
O roteiro de Nancy Oliver é excelente, pois não enfoca a comicidade da situação e sim a bondade dos cidadãos em aceitar a ilusão e entrar no jogo. Destaque para a atuação de Ryan Gosling, que é um dos melhores atores da nova geração, sem falar em Patricia Clarkson (a médica) e no casal Paul Schneider e Emily Mortimer. 
Num período em que os filmes destacam cada vez mais as piores facetas da humanidade, é legal saber que alguém ainda pode ver qualidades humanas como a bondade; e neste ponto, A Garota Ideal é quase um marco de sensibilidade e emoção. Se existe perfeição, este filme está muito perto dela.

terça-feira, 19 de abril de 2011

8 Mulheres


Achei esse filme por acaso e fui ler a sinopse; o diretor é François Ozon, então resolvi ariscar e literalmente pagar pra ver, pois adoro o cinema francês. Bem, vamos ao filme... O longa é uma produção que mistura suspense e musical com pequenas pitadas de humor (coisa que só mesmo Ozon poderia fazer). A história se passa numa casa burquesa no interior da França; é natal e a família se reúne para passar o feriado junta, porém o dono da casa é assassinado e oito mulheres são suspeitas.
Todas as mulheres presentes tem motivações para terem cometido o crime e os álibis vão caindo aos poucos, fazendo com que as dúvidas aumentem no decorrer do filme. Aos poucos vão surgindo segredos e revelações, e o clima fica cada vez mais tenso... Todos os segredos presentes na trama fazem parte de uma peça de Robert Thomas, escrita na década de 1960 e que se passa na década anterior. É impressionante notar quantos segredos as pessoas podem carregar sem que desconfiemos delas. É o que ocorre nesse filme de Ozon.
Para suavisar o suspense e entrecortar a história há as partes com musicais (que eu considero desnecessárias, mas isso por que não gosto muito de musicais), isso sem falar em todo o humor que se faz presente em segundo plano e às vezes aflora inesperadamente.
Todo o filme se passa praticamente em um único local (a sala de estar da casa) em que todas as mulheres se confrontam repetidas vezes na tentativa de descobrir quem foi a assassina de Marcel (o dono da residência). Por ser inverno na Europa a neve cai incessantemente e não deixa que nossas suspeitas escapem da cena do crime, o telefone da casa teve o fio cortado e o único carro do local não funciona... Então resta a dúvida, quem matou Marcel?
Destaque para o excelente elenco que conta com algumas das maiores estrelas do cinema francês (de diversas gerações), sem falar nos figurinos que marcam bem as personagens e suas personalidades. O roteiro é uma questão à parte, bem montado e conciso, faz bem seu dever, e o que falar da direção? Mais uma vez François Ozon acerta na mosca e nos traz um excelente filme.

Elenco: Catherine Deneuve (Gaby, mulher de Marcel), Suzon e Catherine (respectivamente, Virginie Ledoyen e Ludivine Sagnier, filhas de Marcel), Isabelle Hupert (Augustine, irmã de Gaby), Danielle Darrieux (Mamy, mãe de Gaby e Augustine), Fanny Ardant (Pierrette, irmã de Marcel), Firmine Richard (Madame Chanel, empregada da casa) e Emmanuelle Beart (Louise, arrumadeira recém contratada). Com direção de François Ozon, lançado em 2002.  

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Vincent

Esses dias estava fuçando a internet e achei o primeiro filme de animação do Tim Burton; é um curta metragem chamado Vincent, que tem como base os poemas de Edgar Allan Poe (um dos meus escitores preferidos) e que ainda conta com a participação de Vincent Price (ícone dos filmes de terror), que faz a narração do curta.
Então, vamos compartilhar, é bem legal e vale a pena ser visto; é a cara do Tim Burton.


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Animações

Estava eu de bobeira na internet quando achei um link para algumas animações que estavam no Youtube. Fui ver, meio desconfiado, do que se tratavam os vídeos e qual não foi minha surpresa ao vislumbrar obras tão magníficas e encantadoras; é impossível não gostar dessas pequenas animações.  
Passado o arrebatamento, fui procurar a origem dos videos e descobri que o autor é um artista holandês chamado Michael Dudok de Wit e pra surpresa ainda maior, ele já havia ganhado o Oscar por melhor curta de animação no ano de 2001. 
Em 1992 Michael lançou sua primeira animação, um curta chamado Tom Sweep, já em 1994 veio O Monge e o Peixe, produzido na França; este curta foi indicado ao Oscar de melhor curta-metragem de animação, mas não venceu. Passados seis anos, Dudok lançou Pai e Filha, este sim vencedor da mesma categoria do Oscar ao qual concorrera em 1994. Seu último trabalho, até o momento, é The Aroma of Tea de 2006, que também é fabuloso.
Agora vejam, um cara que lançou somente quatro curtas de animação, que não completam nem 30 min. de video, é um dos mais conceituados animadores da Europa e tem trabalhos constantes para propagandas, tanto para tv quanto para cinema e o "melhor" de tudo, poucas pessoas conhecem seu trabalho e é tão magnífico que é impossível descrever; são traços tão simples, mas que prendem facilmente o espectador, vale a pena ser conferido e pra isso vou deixar os links de duas obras desse grande artista. Basta clicar nos links para abrir os vídeos. Abraço a todos e espero que gostem.

domingo, 10 de abril de 2011

Paris, Je T'aime (Paris, te amo)


Como todo filme coletivo Paris Je T'aime é inconstante, mas tem seus momentos... É assim que posso começar esse post. Devo admitir que mesmo com todas as falhas (normais em coletânias) sou apaixonado por esse filme, que trata das diversas paixões que marcam Paris.
Composto por 18 curtas, o filme é uma passagem por encontros (e porque não, desencontros) que ocorrem pelos bairros parisienses e que fizeram a cidade famosa pelo contexto romântico que possui. Porém, não espere encontrar o tipo de romance tradicional em que garoto encontra garota, os dois se separam por algum motivo e depois se reencontram, as coisas aqui acontecem de modo mais sutil, existem vários tipos de amor, e até mesmo um pouco de ódio que se confunde com amor.
O grande destaque fica por conta dos nomes que estão por trás dos curtas que compõem o filme, tem cineasta pra tudo que é gosto, provavelmente você vai encontrar alguém que admire na lista; que tem nomes como Gus Van Sant, Walter Sales, os irmãos Ethan e Joel Cohen, Wes Craven, Gerard Dépardieu, Sylvain Chomet, Alexander Payne e muitos outros renomados (e alguns nem tanto) diretores.
Pra mim, o que prejudica o longa são alguns curtas que deixam a desejar e que interferem no estilo e na composição do filme, deixando a coisa um pouco entediante; por exemplo, o curta de Walter Sales que insiste na questão da diferença social (coisa muito comum no cinema brasileiro, mas que é despropositada no caso desta coletânia) e no curta de Wes Craven (se não estou enganado) que é uma história de vampiros estilizada e maçante, que não faria falta ao longa; no mais só restam elogios.
Há algumas histórias muito sensíveis e cativantes, que dariam ótimos filmes separados, o conjunto de atores é fenomenal e o que dizer da conclusão do longa, escrito e dirigido por Alexander Payne; é a descrição perfeita para o amor imperfeito pela Paris que cativa qualquer um que sonhe com ela...
No mais, é só conferir... alguns vão amar, outros vão detestar, mas é isso que faz de Paris, Je T'aime um filme tão particular, a indentificação do espectador com os curtas, ou com todo o longa.


Direção: 

Bruno Podalydès, Alfonso Cuarón, Walter Salles, Daniela Thomas, Sylvain Chomet, Gérard Depardieu, Alexander Payne, Olivier Assayas, Wes Craven, Tom Tykwer e outros.


Elenco: 
Gaspard Ulliel, Steve Buscemi, Catalina Sandino Moreno, Juliette Binoche, Willem Dafoe, Nick Nolte, Ludivine Sagnier, Maggie Gyllenhaal, Bob Hoskins, Natalie Portman, Elijah Wood e outros.

   

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Dogville


Dogville é uma das experiências mais estranhas do cinema, mas que experiência... 
Nos anos de 1930 Grace (Nicole Kidman) chega à bela cidade de Dogville tentando fugir de gângsters; com o apoio de Tom Edison (Paul Bettany) Grace fica escondida na cidade com a condição de trabalhar para a comunidade. Porém, quando a procura pela jovem Grace se intensifica, os moradores se recusam a mantê-la escondida, a menos que ganhem algo em troca; é aí que ela passa a ver o quanto a bondade do lugar é relativa, mas ela sabe um segredo que pode ser muito perigoso para a cidade.
Basicamente esta é a história do filme, até aí nada muito impressionante, contudo, é a montagem que faz a diferença. Imagine um cenário sem paredes ou muros, o que há nas cenas de Dogville são marcações no chão que representam as casas. O filme todo acontece num único local, a pequena cidade de Dogville, que se encontra no fim de uma estrada que vai dar nas Montanhas Rochosas. 
Este, que é o primeiro filme que compõe uma trilogia sobre os Estados Unidos (os outros filmes são Manderlay de 2005 e Washington de 2007), é o principal longa de Lars Von Trier e marca uma posição social bem definida (o que pode ser a causa do filme não ter levado nenhum prêmio). O longa é marcado pela tragédia; as pessoas de Dogville não fazem nada de graça, tudo é cercado por interesse, com isso o diretor quer dizer que não há pessoas boas no mundo, todas as relações são relações de interesse; não existe bondade que não seja hipócrita.
Nos Estados Unidos o diretor foi duramente criticado e até mesmo acusado de anti-americano (Lars Von Trier é dinamarquês). Isso pode ser explicado pela sequência final do filme em que fotos que mostram a pobreza nos Estados Unidos são exibidas ao som de "Young Americans" de David Bowie; isso foi botar o dedo na ferida e cutucar bem fundo.
Deixando a política de lado, o filme é uma obra de arte que mistura a linguagem da literatura, quadrinhos e cinema; é escrito, dirigido e filmado por Lars e merece grande destaque para as interpretações de Nicole Kidman e Lauren Bacall no elenco feminino e Paul Bettany, James Can e John Hurt (que faz a narração do filme). Aos cinéfilos de plantão, corram atrás desse marco do cinema mundial, é um pecado não assistir a este filme.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Bastardos Inglórios

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Quentin Tarantino detona... É isso que posso dizer do diretor americano que tem no currículo obras como Cães de Aluguel, Kill Bill e (pra mim o melhor de todos) Bastardos Inglórios. Esta postagem é exatamente sobre esse filme lançado em 2009.
Tarantino fez uma colcha de retalhos de outros filmes, estilos, diretores e demais... só pra dar exemplo: o título do filme é o mesmo de um antigo filme italiano (também de guerra) de 1978, (a diferença é que este é um Tarantino) a trilha do filme tem Ennio Morricone, retirado das trilhas dos faroeste de Sergio Leone, sem falar dos duelos, sejam eles armados ou falados. De Truffaut vem a Shoshanna Dreyfus de Mélanie Laurent, que tem uma construção interessante no 3° capítulo e que é super nouvelle vague... isso só pra dar um gostinho, os cinéfilos vão achar muito mais coisas.
Enfim, voltando para o filme; o coronel nazista Hans Landa (Chistoph Waltz, que merecia um Oscar pela atuação) faz uma visita à casa de um fazendeiro francês em plena ocupação alemã e, num diálogo certamente inusitado para a temática, descobre a presença da família de Shoshanna debaixo da casa do fazendeiro, mata todos menos a bela Shoshanna que foge e vai parar em Paris.
Enquanto isso, o tenente Aldo Raine (Brad Pitt num papel impagável) reune um grupo de soldados com o objetivo único de matar nazistas. Eles ficaram conhecidos como Os Bastardos e não perdoavam ninguém, os poucos sobreviventes eram marcados com a suástica para serem sempre lembrados como soldados de Hitler. 
Os Bastardos se juntam à atriz alemã Bridget von Hammersmark (Diane Kruger) num plano para derrubar o 3° Reich e liberar Paris da invasão, o que faz com que seus destinos cruzem o caminho da jovem Shoshanna, que planeja sua própria vingança.
O filme segue uma linha simples e dá ênfase aos personagens de Tarantino, que são esteriótipos puros (do americano caipira ao alemão engomado, passando pela francesa blasé) o que economiza nas explicações e torna o filme mais simples e divertido. O que gerou um pouco de reclamação é a eterna violência dos filmes de Tarantino, mas posso dizer que neste ela está bem abrandada; se você não ligar em ver alguns escalpelamentos e tacos de baseball detonando rostos, não há do que reclamar. Aos que não gostam, bem, não assistam ao filme pois, todo mundo já viu o quanto Quentin Tarantino é irresponsável.
Pra fechar, este é filme de guerra com duas horas e meia de duração e que mesmo que tivesse cinco horas seria interessante; é um daqueles longas que é impossível se manter neutro, não dá pra não gostar (ou odiar). Aos que não tiveram a sorte de assitir, bem, procurem na locadora mais próxima e depois digam o que acharam... Pra mim Tarantino arrasa e é isso que conta.

Elenco: Brad Pitt, Mélanie Laurent, Christoph Waltz, Eli Roth, Michael Fassbender, Diane Kruger, Daniel Brühl, Til Schweiger, Gedeon Burkhard, Jacky Ido, B.J. Novak, Omar Doom, August Diehl, Denis Menochet.

Direção e Roteiro: Quentin Tarantino

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O Vencedor


Depois de algum tempo sem postar nada, eu retorno com a resenha do filme O Vencedor, ganhador dos Oscars de Melhor Atriz e Ator Coadjuvantes. O filme retrata a história real do boxeador do Lowell, Micky Ward, e seu irmão, também boxeador, Dick Eklund. O drama dirigido por David O. Russell tem como pano de fundo a família desconjuntada de Micky, que se vê quase obrigado a participar de lutas de boxe desfavoráveis para manter a família unida, sua carreira não muito promissora e seu relacionamento com a garçonete de bar Charlene. 
Micky é treinado por seu irmão Dick, ou melhor dizendo, deveria ser treinado, visto que Dicky é viciado em crack e está quase sempre na casa de amigos se drogando. A mãe e empresária de Micky está mais interessada no dinheiro das lutas que na felicidade e segurança do filho; isso sem falar na penca de irmãs que não saem do pé do lutador.
Pra melhorar um pouco as coisas, Micky encontra Charlene e os dois começam um relacionamento, o que obviamente não é o mais interessante para a família do protagonista que tenta interferir ao máximo na alegria dos dois. Mas, como desgraça pouca é bobagem, Dick é preso após se passar por policial e na confusão Micky tem a mão quebrada e também vai preso. Após pagar fiança Micky é solto, mas Dick permanece preso e passa por maus bocados enquanto vê um documentário sobre seu vício em crack ser exibido na televisão.
Nesse meio tempo Micky tenta recuperar a mão quebrada e voltar às lutas, o que acontece aos poucos... Além de todos os problemas, ele ainda tem que lutar contra o preconceito das pessoas de sua cidade que viram o documentário sobre o vício do irmão. O lutador do Lowell resurge como uma surpresa aos descrentes e com a ajuda de Charlene e de alguns amigos as coisas começam a caminhar bem.
Contudo, apesar de todos os problemas gerados pela família Micky, que se mostra muito dependente e carente, aceita Dick novamente como seu treinador, após este ser solto da prisão, e prepara-se para a disputa de um título. 
Esta é a história de superação de dois irmãos que lutaram contra tudo e todos para poderem sobreviver e ser o que quiseram ser. O filme não é nenhuma obra prima, há alguns buracos no roteiro e a interpretação de Mark Wahlberg (Micky Ward) deixa a desejar, as cenas das lutas de boxe são um pouco clichês e o único grande mérito fica para a participação de Christian Bale (Dick Eklund) que mostra sua versatilidade como ator e toma conta das cenas que participa.
O filme vale como divertimento para uma tarde chuvosa, mas não espere nada além disso, não é um longa que prima pela emoção do espectador e nem cria grande expectativa; novamente, vale como sessão da tarde.