sexta-feira, 8 de abril de 2011

Dogville


Dogville é uma das experiências mais estranhas do cinema, mas que experiência... 
Nos anos de 1930 Grace (Nicole Kidman) chega à bela cidade de Dogville tentando fugir de gângsters; com o apoio de Tom Edison (Paul Bettany) Grace fica escondida na cidade com a condição de trabalhar para a comunidade. Porém, quando a procura pela jovem Grace se intensifica, os moradores se recusam a mantê-la escondida, a menos que ganhem algo em troca; é aí que ela passa a ver o quanto a bondade do lugar é relativa, mas ela sabe um segredo que pode ser muito perigoso para a cidade.
Basicamente esta é a história do filme, até aí nada muito impressionante, contudo, é a montagem que faz a diferença. Imagine um cenário sem paredes ou muros, o que há nas cenas de Dogville são marcações no chão que representam as casas. O filme todo acontece num único local, a pequena cidade de Dogville, que se encontra no fim de uma estrada que vai dar nas Montanhas Rochosas. 
Este, que é o primeiro filme que compõe uma trilogia sobre os Estados Unidos (os outros filmes são Manderlay de 2005 e Washington de 2007), é o principal longa de Lars Von Trier e marca uma posição social bem definida (o que pode ser a causa do filme não ter levado nenhum prêmio). O longa é marcado pela tragédia; as pessoas de Dogville não fazem nada de graça, tudo é cercado por interesse, com isso o diretor quer dizer que não há pessoas boas no mundo, todas as relações são relações de interesse; não existe bondade que não seja hipócrita.
Nos Estados Unidos o diretor foi duramente criticado e até mesmo acusado de anti-americano (Lars Von Trier é dinamarquês). Isso pode ser explicado pela sequência final do filme em que fotos que mostram a pobreza nos Estados Unidos são exibidas ao som de "Young Americans" de David Bowie; isso foi botar o dedo na ferida e cutucar bem fundo.
Deixando a política de lado, o filme é uma obra de arte que mistura a linguagem da literatura, quadrinhos e cinema; é escrito, dirigido e filmado por Lars e merece grande destaque para as interpretações de Nicole Kidman e Lauren Bacall no elenco feminino e Paul Bettany, James Can e John Hurt (que faz a narração do filme). Aos cinéfilos de plantão, corram atrás desse marco do cinema mundial, é um pecado não assistir a este filme.

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