O século XIX produziu os maiores herois e anti-herois da literatura dos quais já se ouviu falar. Entre outros tantos nomes, foram criados por mentes fantásticas personagens como Capitão Nemo (por Júlio Verne, nas 20 mil Mil Léguas Submarinas), Hawley Griffin (O Homem Invisível de H. G. Wells), Dr. Henry Jekyll (O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson) e Allan Quatermain (As Minas do Rei Salomão, de H. Rider Haggard). Em pleno século 21, estes - e outros - cavalheiros extraordinários estão de volta, juntos e a serviço do governo britânico, na HQ As Aventuras da Liga Extraordinária.
Criadas por Alan Moore e desenhadas por Kevin O'Neill, as aventuras da Liga estão entre as novidades mais comemoradas dos quadrinhos, onde arrebataram em 2000 os mais importantes prêmios internacionais de quadrinhos (Harvey, Eisner e Eagle, por exemplo) na categoria melhor roteiro. Principalmente graças à exaustiva pesquisa realizada por Alan Moore, que usa nas HQs dezenas de referências e personagens das grandes obras da literatura do século 19. Além dos já citados capitão Nemo, Dr. Jekyll (e Mr. Hyde), Quatermain (mais conhecido por aqui por causa daquele filme horrível com Sharon Stone) e Griffin, aparecem nas histórias figuras como Sherlock Holmes (o notório detetive de Sir Arthur Conan Doyle), o policial Auguste Dupin (de Os Assassinatos da Rua Morgue, de Edgar Alan Poe) e até mesmo a eterna otimista Pollyana, criada por Eleanor H. Porter e imortalizada por Walt Disney.
Já de saída a reunião do estranho grupo formado pelos primeiros quatro cavalheiros (aliás, ninguém sabe direito por quê a editora brasileira cortou do título em português da HQ justamente sua parte mais evocativa) e seus motivos despertam a curiosidade e o apetite literário do leitor. A história começa quando o agente secreto Campion Bond convoca a Srta. Mina Murray para reunir quatro cavalheiros, digamos, pitorescos. Só que o bom conhecedor de literatura (e de cinema, diga-se de passagem) deve se lembrar que a própria Mina Murray não é lá uma mulher convencional. A aterrorizante experiência resultou no seu divórcio e a transformou numa pária dentro da conservadora sociedade britânica.
Os quatro que ela procura também são muito queridos pela sociedade. Allan Quatermain é um herói que se rendeu ao ópio, Griffin é um perturbado, Jekyll é instável e nada confiável (ou seria Hyde?) e Nemo, um corajoso revolucionário indiano e comandante do submarino Nautilus, está na lista negra dos governos da Inglaterra e da França pelos problemas que causou àqueles países.
No entanto, Mina consegue unir os quatro para juntos trabalharem a serviço do governo inglês - a propósito, Moore, que sempre foi conhecido por suas críticas à Coroa, estampa logo na abertura da série a reveladora frase: "O império britânico sempre teve dificuldade para diferenciar seus herois e seus monstros."
Os quatro que ela procura também são muito queridos pela sociedade. Allan Quatermain é um herói que se rendeu ao ópio, Griffin é um perturbado, Jekyll é instável e nada confiável (ou seria Hyde?) e Nemo, um corajoso revolucionário indiano e comandante do submarino Nautilus, está na lista negra dos governos da Inglaterra e da França pelos problemas que causou àqueles países.
No entanto, Mina consegue unir os quatro para juntos trabalharem a serviço do governo inglês - a propósito, Moore, que sempre foi conhecido por suas críticas à Coroa, estampa logo na abertura da série a reveladora frase: "O império britânico sempre teve dificuldade para diferenciar seus herois e seus monstros."
No Brasil a HQ foi lançada pela Livraria Devir em dois volumes caprichados e que mecerem estar na estante de qualquer um; não é muito difícil achar em sebos, lojas especializadas e mesmo na internet. Então, mãos à obra e boa leitura...
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