Sabe aquele filme que a gente assiste e não consegue desgrudar os olhos, e depois fica pensando nele o dia todo; pois é, BRONSON segue esse modelo. O longa é dirigido pelo talentoso Nicolas Winding Refn e data de 2008.
O filme narra a história de Chales Bronson (nascido Michael Peterson), o prisioneiro mais violento de toda a Inglaterra. Em 1974 Peterson, aos 19 anos, foi preso por roubar uns trocados em uma agência postal inglesa e foi condenado a pesados 7 anos de reclusão. Foi durante esse período que Peterson retomou seu apelido (dado por ele mesmo) dos tempos de boxe de rua. Os sete anos se transformaram em 14, devido à sua violência e algumas situações com reféns, sendo que, boa parte desse tempo foi passado na solitária. Em 1988 Bronson foi libertado e passou 69 dia livre, após os quais, foi novamente preso por roubo.
Desde então, ele permanece preso. São 34 anos de reclusão (mais de 30 deles passados na solitária). Sua condenação foi perpétua, apesar de nunca ter matado ninguém. Charles Bronson passou por (incríveis) 120 penitenciárias, 3 hospitais psiquiátricos de segurança máxima e em 1999 ganhou sua própria unidade prisional. É o detento mais caro de todo o reino unido, tendo custado mais de 10 milhões de dólares aos cofres da rainha.
Tudo isso parece muito absurdo (ainda mais num país como a Inglaterra), mas posso garantir que a história é verdadeira. Justamente por isso que o filme se torna tão interessante; Widding cria uma atmosfera exuberante, com uma fotografia bem estilizada, mas que retrata as situações bizarras que o personagem título criou na realidade.
É aqui que entra a genialidade de Tom Hardy. Inicialmente, estava cotado para o papel Jason Statham, mas devido a sua agenda lotada, Hardy foi escolhido; o que foi perfeito. Hardy é extremamente semelhante a Bronson e se entregou de corpo e alma ao personagem (me pergunto porque ele não foi indicado a nenhum prêmio).
Contudo, ainda é a história verídica de Bronson que toma conta do longa. Widding não chega a aproveitar dez por cento de toda a história do personagem. Só como exemplo, em certa ocasião, Charlie pediu uma boneca inflável, um helicóptero e uma xícara de chá como resgate de seus reféns, em outros casos, ele apenas cantava "Yellow Submarine" (música dos Beatles).
Tudo o que Michael Peterson sempre quis foi ser famoso, e ele conseguiu. Lançou 11 livros (dos quais alguns foram premiados), tornou-se o preso mais notório do Reino Unido, um artista reconhecido (depois de um tempo, as penitenciárias passaram a negar o material de arte de Bronson, o que só o deixou mais irritado e violento) e pra completar a lenda, agora ele tem seu próprio filme.
Muitas pessoas chamaram o filme de novo Laranja Mecânica (Clockwork Orange, filme clássico de Stanley Kubrick), o que é um exagero (mas não por muito...). O longa tem um espírito perturbador e conta com uma personalidade muito forte, principalmente pela trilha sonora bem trabalhada e pela atuação excepcional de Hardy (no filme que o levou à parceria com Christopher Nolan em "A Origem" e o terceiro filme da trilogia Batman). Enfim, daqueles filmes que não se pode deixar de ver... Super recomendo.
Ah, uma visita à página da wikipedia de Bronson é altamente recomendada antes de ver o filme...